domingo, 30 de junho de 2013

De arrepiar!

Os campeões: Finalmente temos uma base para 2014
Neste domingo o país resgatou o prazer de torcer pela sua seleção. As atuações na Copa das Confederações vinham sendo convincentes, mas ainda restava uma certa desconfiança sobre o poder de fogo da equipe. Até a final contra a Espanha.

O Brasil jogou com autoridade. Há muitos anos não nos sentíamos os melhores do mundo, mas hoje vamos dormir com essa sensação, embora isso não seja necessariamente verdade.

O time ganhou identidade, já podemos dizer que temos uma base. Como muitos críticos, pra mim não é muito fácil reconhecer os avanços do nosso escrete. Afinal, de um jeito ou de outro, aquela camisa amarela, de tantas glórias passadas, está inexoravelmente associada aos desmandos da CBF, do Sr. Ricardo Teixeira e do seu sucessor, o não menos detestado José Maria Marín.

Felipão, com seu mau-humor irritante, há muito não inspira confiança - que o digam os sofridos torcedores do rebaixado Palmeiras. Nosso maior astro não fazia jus à fama que o precedia. Não tínhamos goleiro, a zaga não era de confiança, não tínhamos um meio campo à altura da nossa história...

De repente, as peças encaixaram. Júlio César renasceu; Thiago Silva e David Luiz tomaram conta da defesa; Marcelo criou juízo; Paulinho e Luiz Gustavo deram equilíbrio e segurança no meio, proporcionando uma conexão entre defesa e ataque que parecia não mais existir no futebol brasileiro; Fred mostrou que é o cara do ataque; Hulk exerceu importante papel tático; e o principal... Finalmente, apareceu o futebol do menino-gênio. Neymar mostrou seu cartão de visitas ao mundo.

Depois deste 30 de junho, o novo atacante do Barcelona começou a consolidar seu nome definitivamente na história contemporânea do futebol.

Mudamos da água pro vinho. Foram incontestáveis 3 a 0 na grande Espanha, o “Brasil dos tempos modernos”, a grande força do futebol desta década.   

A partir de hoje, o Brasil certamente estará em todas as listas de favoritos para 2014. Não o grande favorito, mas estamos na briga.

Ainda falta um ano para o mundial, muita coisa pode mudar até lá. E uma coisa preocupa: Felipão praticamente já tem um time na cabeça para a Copa do Mundo. E é esse que venceu a Copa das Confederações. O problema é que ainda faltam muitos meses até lá. E quem está bem hoje, não necessariamente estará bem amanhã. Na Copa de 2010 padecemos desse mal. Grafite, Julio Baptista, Josué e outros garantiram vaga cedo demais, e chegaram claudicantes à África do Sul.

Por enquanto, vamos aproveitar o momento. Escutar 70 mil vozes no Maracanã entoando “ôôô, o campeão voltou” foi de arrepiar!

Do lado de fora, as manifestações prosseguiram, retrato de um Brasil de contrastes.

Maracanã: dentro, só festa; fora, protestos 

domingo, 9 de junho de 2013

Sem Ilusões

Oscar fez o primeiro gol, em lance questionado pelos franceses
Depois de quatro longos anos, o Brasil, até que enfim, venceu uma seleção campeã mundial. Dentre os detentores dessa honraria, a França, derrotada por 3x0 neste domingo em Porto Alegre é, juntamente com o Uruguai e possivelmente o próprio Brasil, a mais fraca.

Sim, não nos iludamos. Apesar do ufanismo dos Galvões, Ronaldos e Casagrandes, há muito que deixamos de ser aquela constelação de craques, e o timaço a ser batido no futebol mundial.

Quem não lembra dos tempos em que jogo da canarinha era um programa imperdível, marcado na agenda, e ai de quem marcasse alguma coisa para aquele horário? Hoje, qualquer videogame, cinema, boliche no Shopping, aniversário daquele parente distante, ou mesmo uma soneca depois do churrascão de domingo pode ser justificativa pra não ver a seleção do Felipão.

O Maracanã será palco da final da Copa das Confederações
Não que nosso talento tenha acabado. O problema é que paramos no tempo. O futebol evoluiu, no aspecto tático e, principalmente, físico. E pra fazer a diferença hoje em dia, além de ser um fora de série, tem que ser um cara focado, disciplinado, sem outra preocupação que não seja treinar e jogar. 

Esse cara hoje – e já há alguns anos – infelizmente não é brasileiro, e se chama Lionel Messi. Como dizem nossos amigos Hermanos, “Messi é, sem dúvida, o melhor do mundo, e um dos melhores da Argentina”.

Olhando para o Brasil, quem seria, hoje, uma unanimidade como titular? Possivelmente dois, muito mais pelo nome do que propriamente pelo que vêm jogando: Thiago Silva e Neymar. Nem mesmo Felipão teria coragem de tirar um deles do time.

Mas dentro de campo, quem tem demonstrado alguma efetividade é um meia-atacante que, não por acaso, demonstra mais preocupação em jogar do que com o penteado que vai usar na próxima partida: Oscar.

O ex-colorado começou a aparecer na seleção exatamente quando a grande esperança de talento no meio-campo do Brasil sumiu: o então santista e atual são-paulino Paulo Henrique Ganso.

Além da seca de jogadores, o comando técnico também não enche os olhos: Felipão nunca foi um grande estrategista. Seu grande mérito sempre foi a capacidade de impor disciplina e manter o grupo fechado em torno de um objetivo. Foi daí que surgiu a grande marca de sua passagem anterior pelo Brasil: “a família Scolari”.

O aperitivo para a Copa do Mundo vem aí: a Copa das Confederações começa já no próximo sábado, 15/06, com Brasil x Japão, em Brasília. 

Além de grandes seleções, é a oportunidade de ver também os belos – e caros – estádios que estão sendo finalizados para o ano que vem.

Oito equipes participam da edição deste ano
O torneio tem apenas oito equipes, forças como Argentina e Alemanha não estarão presentes e a Espanha já não é mais o bicho-papão dos últimos anos.       

Portanto, dá pra brigar pelo título. Mas, pelo que nossa seleção vem jogando, não será fácil. A final será no dia 30 de junho, no Maracanã.