Márquez, Lorenzo e Rossi: 2016 promete |
E terminou o mundial de
motovelocidade.
Com todos os méritos, o espanhol
Jorge Lorenzo venceu pela sétima vez na temporada e garantiu o tricampeonato
mundial da categoria.
Mas... o campeonato teve um
componente que os normalmente atentos responsáveis pela transmissão do evento no
canal pago Sportv – Guto Nejaim e Fausto Maciera - ignoraram solene e
inexplicavelmente: o campeonato foi decidido pela vaidade.
E os personagens principais foram
exatamente os perdedores do ano: Rossi e Márquez. Enquanto o italiano, heptacampeão
na categoria principal, é reconhecido como um dos maiores – senão o maior – da história,
o jovem espanhol é exaltado como um candidato a esse posto.
Márquez ascendeu à MotoGP há três
temporadas, com 20 anos recém-completados. Nas duas primeiras, ganhou tudo e se
tornou o mais jovem bicampeão da história.
Em 2015, a Honda teve alguns
problemas e já não forneceu um equipamento suficientemente poderoso para um
tricampeonato tranquilo de Márquez. E, pressionado, o novo fenômeno do esporte errou.
Após algumas quedas, o título foi ficando distante.
Até o meio do ano, o que se via
era um relacionamento extremamente cordial entre os fenômenos do passado e do
futuro. Rossi e Márquez estavam sempre sorrindo, independentemente de seus
resultados nas corridas. Já o carrancudo Lorenzo, só demonstrava alegria quando
estava no alto do pódio.
Aproximando-se o final da
temporada, esse cenário se alterou. O que se viu foi um Marc Márquez “marcando”
Valentino.
Alguns patriotas enxergaram ali
um complô de conterrâneos – dos “quatro fantásticos”, três são espanhóis,
Lorenzo, Márquez e Pedrosa, enquanto apenas Rossi é italiano. Como se isso
representasse alguma coisa para os protagonistas desse que é, disparadamente, o
mais emocionante esporte a motor.
Ficou muito claro, especialmente
nas duas últimas corridas da temporada, que Márquez tinha muito mais apetite
para atacar quando via Rossi à sua frente.
O piloto mais vaidoso do circuito
é exatamente o tricampeão Lorenzo. Mas, embora seja um piloto excepcional,
dificilmente ele será reconhecido algum dia como o melhor da história.
Márquez, então, percebeu que mais
um título do multicampeão Valentino Rossi dificultaria sua escalada ao topo.
Com o campeonato perdido, a “Formiga Atômica” passou a trabalhar para Lorenzo.
Isso ficou particularmente evidenciado
nas duas últimas corridas. Na penúltima, no circuito da Malásia, Márquez foi
com tanta sede em perseguição a Rossi, que o Doutor perdeu a paciência e lhe
deu um “chega pra lá” com os pés, durante uma tentativa de ultrapassagem. A
manobra foi considerada – corretamente, diga-se de passagem – inadequada pelos
organizadores, que penalizaram o italiano com o último lugar no grid da corrida
decisiva, em Valencia. O que foi decisivo para o campeonato.
Neste domingo, apesar
de realizar uma corrida de recuperação espetacular, o Doutor chegou até onde
podia: o quarto lugar. Para ser campeão com essa colocação, era necessário que
Lorenzo chegasse no máximo em terceiro. O que parecia provável, pois as Honda
de Márquez e Pedrosa pareciam ameaçar perigosamente a liderança da Yamaha 99.
Parecia. Mas não foi o que
ocorreu. As motos laranja apenas comboiaram Jorge Lorenzo para a vitória e o
título, num dos mais disputados campeonatos da história.