sábado, 11 de outubro de 2014

Dunga 7 x 1 Felipão

Em termos de comportamento, Dunga – que normalmente está mais pra Zangado – não é um cara dos mais humildes, embora tenha baixado bastante a bola em relação à sua primeira passagem pela seleção.

Taticamente, no entanto, o contestado treinador, que também não é lá um exemplo de modernidade, reconhecendo que não temos mais a grande seleção que a Globo teima em propalar, escalou um time fechado para enfrentar a Argentina. Um meio-campo formado por Luiz Gustavo, Elias e William não está exatamente à altura da nossa história.

Se temos um Neymar para fazer sombra ao Messi, não há o talento de um Di María mais atrás, para armar as jogadas. E pra ganhar dos grandes, atualmente, o Brasil precisa ter humildade e reconhecer que hoje somos inferiores tecnicamente a umas três ou quatro seleções.

Na Copa, Felipão escalou Bernard no lugar do nosso maior astro, contundido, sob a alegação de que o “menino com alegria nas pernas” estava acostumado a incendiar o Mineirão. O Brasil tomou um vareio da Alemanha. Sete foi pouco, se considerarmos que aos trinta do primeiro já estava 5 a 0 e o zagueiro David Luiz corria feito um alucinado no ataque.

Neste sábado de manhã, na China, o Brasil aceitou a maior posse de bola dos rivais, Tardelli fez dois – um pelo Fred e outro pelo Jô – Jeferson fechou o gol, o Brasil ganhou o Superclasico de Las Americas e recuperou um pouco do respeito e da autoestima perdidos após a tragédia da Copa.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Mais um da Alemanha! Aliás, mais cinco...


Essa quarta, 13 de agosto, foi emblemática para o futebol brasileiro.

São Paulo, Internacional e Fluminense, três dos mais caros elencos do país, deram vexame na Copa do Brasil.

O tricolor paulista tomou de 3 a 1 do Bragantino, que está no Z4... da série B...

O carioca foi ainda pior. Depois de uma tranquila vitória na Arena das Dunas por 3 a 0, tomou a virada mais incrível da história da Copa do Brasil. Após estar ganhando por 2 a 1, perdeu por 5 a 2 do América (RN) e deu adeus à competição.

Apesar de não ter sido goleado e enfrentar um adversário mais qualificado – afinal, o Ceará é o líder da Série B com folga – o Colorado, a meu ver, foi quem passou a maior vergonha. Isso porque os gaúchos perderam os dois jogos e, pior ainda, sendo dominado inteiramente durante os 180 minutos do mata-mata.

Normalmente, o pequeno ganha do grande numa excepcionalidade, num contra-ataque ou numa falha da zaga. Mas o domínio do alvinegro nos dois jogos foi incontestável.

Isso remete a uma outra questão: o jogador de futebol vale o quanto ganha? De que adianta o Inter ter D'Alessandro, Dida e Juan, se o Nikão e o "vovô" Magno Alves põem todos no bolso?

Sem querer entrar numa discussão ideológica sobre o capitalismo, Neymar vale os R$ 3 milhões mensais que ganha no Barça? Fred vale os R$ 800 mil que recebe no Flu? E o que dizer dos R$ 900 mil que R10 embolsava no Galo?

A resposta é SIM para o primeiro caso e NÃO para os outros dois. E não se trata do fato de Neymar ser um craque em ascensão, Fred ser um cone e R10 ser o rei das baladas, mas apenas uma questão de retorno financeiro.

Neymar gera receita, e é natural que se beneficie com isso. Além disso, o Barcelona pode pagar, e também lucra com o negócio. E muito! O Real Madrid praticamente já tirou a despesa com o jovem astro colombiano James Rodríguez com ações de marketing e venda de camisas.

Os gigantes espanhóis têm caixa pra bancar grandes aquisições. E o Brasil tem apenas a Caixa...

Caiu a ficha dos grandes patrocinadores privados, que estão deixando de investir no futebol, pois o retorno não é mais o mesmo.

Sobrou, então, para o governo. A Caixa Econômica Federal virou o grande financiador do nosso futebol. Nem dá pra saber com exatidão a relação completa dos agraciados, mas uma rápida pesquisa no Dr. Google nos traz uma lista bem longa: ABC, América (RN), ASA (AL), Atlético(GO), Atlético (PR), Avaí, Ceará, Chapecoense, Corinthians, Coritiba, Figueirense, Fortaleza, Flamengo, Paraná, Paysandu, Remo, Sport, Vasco, Vitória (BA)...

Na maioria dos casos - se não em todos - o patrocínio é motivado por pressões políticas. Vale verificar se todos os apadrinhados estão em dia com suas obrigações fiscais e trabalhistas. Duvido. 

Mesmo com esse reforço artificial, o combalido futebol brasileiro simplesmente não comporta os astronômicos salários que paga aos jogadores medianos que não encontram espaço no futebol europeu. Os clubes estão em sérias dificuldades, alguns à beira da bancarrota, atolados em dívidas impagáveis. E ainda assim seguem contratando. Há os que pagam os salários e aumentam o rombo... e há os que não pagam.

A final da Libertadores entre os esforçados argentinos e paraguaios nessa mesma quarta-feira também foi emblemática. Nem mesmo com muito mais poder de fogo econômico – se comparado aos rivais da América do Sul – os brasileiros conseguiram alguma coisa no torneio continental, onde não alcançaram nem mesmo a semi-final.

O fato é que a situação já ficou inadministrável para alguns, que já não têm nem mesmo a capacidade de “empurrar com a barriga” os compromissos. Botafogo (RJ), Paraná e CRAC (GO), por exemplo, estão por um fio. O Clube goiano está, inclusive, abandonando a Série B.

Pra completar o quadro, esta semana, até as desamparadas meninas do futebol feminino repetiram os marmanjos e tomaram uma sacolada das alemãs: 5 a 1.



Haja gol da Alemanha...



domingo, 13 de julho de 2014

Balanço da Copa


E a Copa acabou, deixando um gostinho de “quero mais” para quem aproveitou.

A Alemanha foi campeã com justiça, apesar de só ter encontrado vida fácil contra Portugal (4x0) e Brasil (melhor não lembrar quanto foi...). Gana, Estados Unidos, Argélia, França e, claro, a Argentina, deram muito trabalho aos tetracampeões.

Messi foi eleito o craque da copa. Essa escolha tem um grave problema: a votação é realizada após a semifinal, e os jurados avaliam as atuações passadas, mas também meio que tentam adivinhar como será a final. Foi assim em 2002, quando o eleito Kahn foi o grande responsável pela derrota contra o Brasil, ou mesmo em 1998, quando Ronaldo ganhou o prêmio e quem brilhou mesmo foi o franco-argelino Zidane.

Em 2014, o melhor, disparado, foi o cai-cai Robben. Neymar e Rodríguez seriam candidatos, mas saíram cedo demais. Destaque também para os goleiros, como Neuer, Howard, Ochoa e Navas.

Um dos grandes prazeres nessa copa foi conhecer pessoas de todas as partes do mundo. Cada jogo era uma festa e o clima era quase sempre de muita diversão e integração. Na primeira fase, em especial, era comum ver torcidas adversárias se confraternizando. No quesito empolgação, destaques para as torcidas do México e Colômbia.

Bom, mas a Copa se foi. Enquanto organização, receptividade e calor humano, o Brasil foi 10! Já no futebol... Bem, nossa seleção pecou por não reconhecer suas limitações, e a cobrança pelo título era desproporcional. Naufragamos no emocional.

E ficaram os estádios. A maior parte será, realmente, um legado para o país, apesar do superfaturamento de alguns (senão de todos). O “Impressorão” (SP), o Maracanã, o Mineirão e outros, certamente continuarão a ter alguma utilização. A preocupação é com as cidades sem nenhuma tradição futebolística, como Manaus e Cuiabá. Sob esse aspecto, Belém e Goiânia seriam sedes mais “naturais”, apesar do menor apelo turístico.

Bom, agora só daqui a quatro anos, na Rússia, outro país de dimensões continentais. Ao Brasil, resta recolher os cacos e buscar retomar o rumo das vitórias. É bom lembrar que hoje todos são unânimes nas críticas à seleção, mas antes da semifinal o oba-oba era generalizado.

Todos criticam os dirigentes da CBF, o ultrapassado Felipão, o “cone” Fred e o “poste” Jô, mas não há consenso sobre quem deveria estar em seus lugares. O fato é que, com raríssimas exceções, a geração atual de boleiros é muito fraca, especialmente no meio-campo.

Resta esperar que até 2018 nossa seleção se reinvente (como já o fez tantas vezes) e possa brigar novamente em pé de igualdade com as outras potências.

Até lá, o país do futebol é a Alemanha. 



















terça-feira, 8 de julho de 2014

Brasil, Decime que se siente. Y decime qué se siete...

Pane: quatro gols em seis minutos
Mineirazzo seria um título muito óbvio. O Brasil foi humilhado pela Alemanha.

A maior goleada das copas, Hungria 10 a 1 em El Salvador, parecia que seria superada. Afinal, aos 30 do primeiro tempo já estava 5 a 0. Então, 7 a 1 até que ficou de bom tamanho.

Galvão Bueno em mais uma de suas pérolas ufanistas:
- O segundo tempo foi só 2 a 1 pros alemães...

Conforme já havíamos observado, goleadas nessa copa ocorreram apenas entre grandes. A semifinal poderia ter sido diferente. Afinal, não somos piores que argelinos ou ganeses, que fizeram jogos duros e empataram com os alemães. O problema é que, assim como a Espanha contra a Holanda, fomos pra frente e abrimos espaços. E a Alemanha foi mortal.

Pra piorar o sentimento dos “reis do futebol”, Klose ultrapassou Ronaldo como maior artilheiro das copas (16 x 15) e Müller passou Neymar na vice-artilharia de 2014 (5 x 4). Barba, cabelo e bigode.

Se formos disputar o terceiro lugar com os argentinos (a não ser que eles sofram humilhação semelhante contra a Holanda, o que é pouco provável), vamos escutar muita zoeira dos enjoados hermanos.

Possivelmente, o hit “Brasil, decime que se siente” (Brasil, dize-me o que sente) vire “Brasil, decime qué se siete” (Brasil, diga-me o que é sete), conforme já antecipou o ácido jornal portenho Olé.

A maior humilhação da história do futebol brasileiro foi um choque de realidade, muito em função da excessiva importância que (não só a mídia) se criou em torno da seleção. A exposição excessiva, o endeusamento dos jogadores, a obrigação de ganhar, fizeram o Brasil partir pra cima, sendo facilmente envolvido pela maior qualidade do adversário.

Colômbia e França perderam Radamel Falcao e Ribéry, respectivamente. Seus principais astros. Mas seguiram em frente. O Brasil perdeu Neymar e parece que o mundo acabou.  

Em 2006, a Alemanha jogou em casa, conquistou o terceiro lugar e acabou reverenciada pelos torcedores.

Aqui, não teve um único jogador nas entrevistas pós-jogo que sequer citou a próxima partida, contra Holanda ou Argentina.

Não tem jeito. Somos assim mesmo. 

O clima no próximo sábado, em Brasília, será muito estranho. Mas estaremos lá...
  

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Uma Copa de gols e de goleiros...

James: seis gols e despedida em Fortaleza
Belos estádios, clima festivo, integração cultural, nível técnico acima do esperado, jogos eletrizantes, e os tão falados problemas de infraestrutura muito menores do que se esperava.

A Copa no Brasil é um sucesso!

Uma Copa de belos gols e algumas estrelas. Messi,  Neymar (fora da copa, com uma fratura na vértebra) e Müller estão fazendo jus à badalação, com a companhia inesperada do jovem colombiano James Rodríguez, que deixou o Castelão aos prantos neste sábado. Mas, com seis gols, periga permanecer como artilheiro do torneio.

Akinfeev: tá russo! 
Casillas: decepção espanhola
Mas a grande sensação do evento são os goleiros. Se de um lado tivemos as trapalhadas do  espanhol Iker Casillas e do desastrado russo Igor Akinfeev, a lista de destaques positivos é bem maior:

Navas: surpresa caribenha

Keylor Navas: estrela maior da zebra Costa Rica. Aos 27 anos, 1,86m, o goleiro do Levante da Espanha é pretendido por grandes clubes europeus, como o Real Madri e o Porto. 
Bravo Chile!





Claudio Bravo: o chileno de 31 anos e 1,85 m acaba de trocar a Real Sociedad pelo Barcelona. Pena que sua seleção tenha sido eliminada precocemente.

Júlio César: redenção
Julio César: criticado por todos antes da competição, demonstrou segurança em todas as partidas, sendo o maior destaque do Brasil nas oitavas contra o Chile, não só por pegar dois pênaltis, mas também por suas grandes defesas durante o jogo.
Ochoa: desempregado





Guillermo Ochoa: Outro que não era unanimidade no seu país, o goleiro do rebaixado Ajaccio, da França, antes da copa estava procurando emprego. Certamente já deve estar recebendo várias propostas. Tem 28 anos e 1,83 de altura, o que pode ser considerado baixo para um goleiro. Pegou tudo contra o Brasil ... e quase tudo contra a Holanda.

M'Bolhi: muralha argelina
Raïs M’Bolhi: 26 anos, 1,90m e joga no CSKA Sófia, da Bulgária. Francês de nascimento, chegou a atuar em seleções de base da França, mas quando percebeu que não teria chance nos Bleus, optou pela nacionalidade argelina.


Neuer: bora Bahea!


Manuel Neuer: Antes da Copa, Neuer, 28 anos e 1,93m, protagonizou, com o meia Bastian Schweinsteiger, momentos de descontração durante os preparativos da seleção alemã em Santa Cruz Cabrália (BA). A dupla chegou, inclusive, a entoar o famoso “Bora Bahea”, mantra do tricolor da boa terra. Mas, na hora do “vamos ver”, o alemão com nome de portuga mostrou a segurança de sempre...

Courtois: gigante belga
Thibaut Courtois: Um dos responsáveis pela brilhante temporada do Atlético de Madri, o goleiro belga não protagonizou defesas espetaculares, mas sua sobriedade dá segurança à defesa. Courtois deverá retornar ainda este ano ao Chelsea, dono do seu passe, onde deverá substituir o experiente Petr Cech.  




Howard: os americanos o querem pra Ministro da Defesa

Tim Howard: O veterano goleiro norte-americano, tem 1,91m, 35 anos e joga no Everton, da Inglaterra. Chegou a ser titular do poderoso Manchester United, mas perdeu espaço com a contratação do astro holandês Van der Saar. Multiatleta, Howard já foi um competente jogador de basquete e, no futebol, começou como meio-campista. Possivelmente, sua mudança para o gol tenha relação com a síndrome de Tourette, doença responsável por seguidos espasmos, que Howard aprendeu a controlar durante as partidas. Estatisticamente, sua atuação contra a Bélgica foi considerada a melhor de um goleiro na história das copas do mundo.

Pena que a copa está acabando e só veremos tanta gente boa junta daqui a quatro anos, na gelada Rússia...



















domingo, 29 de junho de 2014

Seremos campeões. Ou não...

“Carlos Alberto”, de Rubens Gerchman

Em princípio, é legal ver os jogadores que representam nosso país na Copa do Mundo com os olhos marejados. Isso significa que eles estão jogando com o coração.

No entanto, uma análise mais acurada pode indicar que isso, de certa forma, pesa contra um bom resultado na competição.

É contraditório, por exemplo, ouvir o capitão Thiago Silva dar uma entrevista antes do evento informando ter o grupo na mão, ser respeitado e considerado por todos uma referência para os mais jovens.

Mas, na hora do “pegapracapá”, os pênaltis que decidiriam o futuro da equipe na competição, o capitão simplesmente se isolou, sentou num canto, chorou e não se apresentou para cobrar.

Júlio César – sem dúvida, o grande nome do jogo contra o Chile – também se desfez em lágrimas antes da disputa decisiva.

A maioria, ainda, apelava para a religião. Nada contra a fé, pelo contrário. Mas imagino que os do lado de lá também são filhos Dele...

Sou fã do futebol de Neymar Jr, mas nunca gostei de determinadas atitudes suas, como o excesso de badalação e exposição, a molecagem exacerbada ou sua conhecida vaidade.

No entanto, na hora H, foi ele quem demonstrou maturidade e tranquilidade para resolver. Não arrebentou, mas manteve os nervos no lugar até o momento da cobrança decisiva.

Mas temos outros problemas.

Um sintoma de que nossa seleção não é lá essa maravilha são as críticas a determinados jogadores, como Fred e Jô, sem que se apresente o “injustiçado”, aquele que seria o salvador da pátria. Ou seja, não temos uma geração tão talentosa... Pode-se questionar as ausências de um Lucas, Kaká ou Miranda, mas nenhuma unanimidade ficou de fora.

Nosso treinador também não é exatamente um especialista em tática ou grandes esquemas de jogo. Seu grande mérito sempre foi a motivação, sua capacidade de unir o grupo em torno de um objetivo comum. Isso ajuda muito, mas não resolve por si só.

Uma característica bastante marcante no treinador seleção é sua teimosia. Scolari não admite que alguém antecipe uma necessidade de mexer na equipe. Assim é que, quando a imprensa identificou uma possível troca de Oscar por Willian, em razão do desempenho dos dois nos últimos amistosos e treinos, o turrão fincou pé e manteve a mesma formação.

Felipão também não admite qualquer contrariedade durante uma entrevista. Sua postura é sempre de arrogância e superioridade. O oposto, por exemplo, do equilibrado e humilde treinador do Fluminense, o competente Cristóvão Borges (não estou aqui defendendo Cristóvão como novo técnico da seleção...).


O Brasil pode cair no próximo jogo, contra a talentosa Colômbia. Ou ser campeão. Por mais que se teorize sobre o assunto, há uma grande dose de incerteza no futebol. No pênalti de Jara, que tirou o Chile da Copa, bastaria que a bola fosse alguns milímetros pra esquerda, e a história poderia ser outra...

sábado, 14 de junho de 2014

Causos da Copa...

    Alemanha x Inglaterra, 2010: a bola não entrou...
    • Suécia, 1958: há 56 anos, o jogador brasileiro já era meio... arisco. Uma das preocupações da comissão técnica era isolar os atletas das belas escandinavas. Mas a seleção tinha Mané, famoso por seus dribles... e meses depois nascia Ulf Lindberg.
    • Naquela mesma Copa, no dia 30 de junho, um dia após o Brasil massacrar os donos da casa na final por 5 a 2, um grupo de jogadores passeia pelas ruas geladas de Estocolmo e se depara com o mulato Moacir - meia do Flamengo, que não chegou a jogar nenhuma partida - abraçado com uma loira lindíssima. Antes que alguém dissesse qualquer coisa, ele se adianta, esbaforido: “Não me chamem de Moacir, pelo amor de Deus! Eu sou o Pelé! Eu sou o Pelé!”... 
    • Alemanha, 1974: a sensação era a “laranja mecânica”. A estrela da companhia era Johan Cruijff (Cruyff para os estrangeiros). Sua camisa era diferente do restante do time da Holanda. Patrocinado pela Puma, Cruijff se recusou a usar as três listras que caracterizavam o uniforme da concorrente Adidas – sua camisa tinha apenas duas. Essa foi a condição para o principal jogador dos países baixos ajudar a levar sua seleção ao vice-campeonato mundial. 
    • Adidas e Puma, aliás, eram uma mesma empresa, a Gebrüder Dassler Schuhfabrik - Fábrica de Sapatos Irmãos Dassler - fundada no início do século XX. Em 1947, os constantes desentendimentos entre os irmãos resultaram em uma cisão que deu origem às duas gigantes do material esportivo.
    • Argentina, 1978: França e Hungria se enfrentaram na última rodada já eliminadas, num grupo que também tinha Argentina e Itália. No entanto, as duas seleções entram em campo de camisas brancas, e ninguém tinha um segundo uniforme, para desespero do árbitro, o sr. Arnaldo César “a regra é clara” Coelho. Depois de muita polêmica, a França jogou – e venceu por 3x1 – usando um horroroso uniforme listrado em verde e branco do Kimberley, um pequeno clube de Mar Del Plata. 
    • Espanha, 1982: A maior goleada da história da Copa do Mundo. Massacre da Hungria sobre El Salvador - 10 a 1. No jogo França x Kwait, o sheik (não o do Botafogo, mas também encrenqueiro...) invadiu o campo para pedir – e ser atendido - a anulação de um gol. Não teve jeito: 4 a 1 Les Bleus.
    • México, 1986: No jogo Brasil x Espanha, o Hino Nacional Brasileiro foi substituído pelo Hino à Bandeira. Uma gafe no estilo Wanusa...
    Higuita: o goleiro-escorpião
    • Itália, 1990: René Higuita, o lendário goleiro colombiano, saiu jogando para tentar ajudar a Colômbia na prorrogação contra Camarões, perdeu a bola e entregou o gol para os africanos. Cinco anos depois, Higuita assombrou o mundo com a famosa “defesa escorpião”, num amistoso contra a Inglaterra, ao salvar um chute  com os calcanhares, num salto acrobático. Um site inglês considerou essa defesa a jogada mais espetacular da história do futebol.
    • EUA, 1994: O camaronês Roger Milla, protagonista do lance com Higuita quatro anos antes, marcou o único gol de seu país na derrota para a Rússia. Milla tinha 42 anos e se tornou o jogador mais velho a marcar em copas.
    • Brasil, 2014: Nossa seleção passou relativamente bem pelo primeiro desafio. A Croácia de “apendicite”, “celulite” e “Brad Pitt” até que deu trabalho, mas no final caiu por 3 a 1. Tudo bem que o juiz deu uma forcinha naquele pênalti Mandrake... Em apenas dois dias de competição, já tivemos algumas pixotadas da arbitragem, prejudicando Croácia, México e Holanda. Nada, no entanto, comparável à não marcação do gol da Inglaterra contra a Alemanha, na copa anterior, quando a bola entrou mais de meio metro... 
    • Essa ultima não é politicamente correta, nem mesmo ocorreu numa Copa do Mundo, mas diz respeito à maior rivalidade do futebol mundial, Brasil e Argentina, 2010. Quartas de final da Taça Libertadores da América. Com um gol no finalzinho, o Inter de Porto Alegre eliminou o Estudiantes, então campeão da competição. Como sempre ocorre ao perderem para os “macaquitos”, os portenhos perderam também a compostura. No meio do quebra-pau, Lauro, goleiro reserva do Inter, dá um cascudo no enjoado zagueiro Desábato. Meio atordoado, o grandalhão se vira e mete a bolacha no goleiro titular do Inter... o também argentino Abbondanziéri. Grande Lauro!!!

    domingo, 1 de junho de 2014

    O novo monstro!

    Márquez: imbatível
    Ciclicamente, o esporte produz fenômenos, como Pelé, Bolt, Jordan, Phelps.

    No motociclismo não é diferente.  Nas últimas décadas, os principais astros da velocidade sobre duas rodas foram os italianos Giacomo Agostini e, mais recentemente, Valentino Rossi. O “Doutor” ainda está em atividade, e pode testemunhar de perto o surgimento do seu sucessor: o espanhol Marc Márquez.

    A “Formiga Atômica” ascendeu à categoria principal em 2013 e já no primeiro ano conquistou o título, numa disputa acirrada com seu compatriota Jorge Lorenzo.

    Em 2014, Márquez se consolidou como fenômeno, ao vencer as seis primeiras corridas temporadas e, decorrido um terço do campeonato, já é considerado o virtual campeão.

    Mas a sexta vitória foi emocionante, numa disputa curva a curva com o bicampeão Lorenzo. Honda e Yamaha protagonizaram uma constante troca de posições nas últimas voltas, com Márquez se consolidando à frente apenas na volta final.

    O heptacampeão Valentino Rossi completou o pódio e foi o grande homenageado em Mugello (Itália), ao completar 300 corridas na carreira.

    Quem está na pior é Dani Pedrosa. A eterna promessa da motovelocidade foi mero coadjuvante, chegando na quarta posição, que é um péssimo resultado, considerando-se que o espanhol pertence à melhor equipe do mundial, a Honda/Repsol, exatamente a mesma de Márquez.

    Pedrosa corre o risco de ficar sem emprego para 2015. A Honda não anda nada satisfeita com o seu desempenho, e deve ir atrás de um segundo piloto. Pode não parecer, mas ter dois pilotos competitivos é fundamental para as montadoras. Ver Márquez brigando com as duas Yamaha pode passar a impressão de que quem está fazendo a diferença é apenas o piloto, e que sua concorrente japonesa tem equipamento superior (o que não é verdade).


    De qualquer forma, mesmo com o campeonato praticamente decidido desde o início, vale a pena acompanhar as corridas de motovelocidade, que porporcionam disputas emocionantes. Diferentemente da Fórmula 1, por exemplo, a MotoGP é um dos esportes de velocidade onde o braço ainda faz uma grande diferença.

    domingo, 4 de maio de 2014

    Decepção!

    Goree, Guilherme, Osimani e Hernández: derrota no NBB
    Mais uma vez, o UniCEUB/BRB/Brasília foi eliminado do NBB pelo São José. E de novo nas quartas de final. Mas ao contrário de 2013, quando perdeu por 3 a 2, dessa vez o Lobo Guará tomou acachapantes 3 a 0. Como agravante, o São José havia passado raspando no mata-mata com o Palmeiras, jogou desfalcado de dois dos seus principais jogadores – Fúlvio e Dedé – e nem teve o privilégio de jogar em casa efetivamente, pois as duas primeiras partidas foram no DF e a terceira foi realizada de portões fechados.
    No Nilson Nelson, o armador Manny Quezada arrebentou, com nada menos que 75 pontos convertidos nos dois jogos. No confronto final, no entanto, o dominicano teve atuação discreta, e foi o pivozão Caio Torres (ex-Flamengo) que fez a diferença.
    A decepção candanga é ainda maior em função da expectativa gerada pelos investimentos da equipe para esta temporada. A legião estrangeira, formada pelo técnico argentino Sérgio Hernández, pelo pivô americano Marcos Goree e pelo armador uruguaio Martín Osimani, fez a apaixonada torcida brasiliense acreditar numa boa temporada.
    No segundo jogo contra o São José, o que se viu foi o trio sendo vaiado, o que chega a ser surpreendente, pois a característica da torcida local sempre foi apoiar e aplaudir o time em quaisquer circunstâncias.
    Em relação ao técnico, a maior crítica refere-se à incapacidade do “Ovelha” em reverter situações desfavoráveis durantes os jogos. O ex-treinador da seleção argentina não teria explorado adequadamente o potencial do banco de reservas, que contava com jovens talentos como Ronald e Isaac.
    O norte-americano Goree mostrou-se apático – talvez pelo peso dos seus 36 anos de idade – e passava sempre a impressão de poder fazer mais no garrafão. Já Osimani parecia mais disposto a dar espetáculo do que contribuir para o grupo, e abusava nas tentativas de três pontos, quase sempre equivocadas.
    A contusão de Giovanonni e a queda de rendimento de Alex, Arthur e Nezinho completaram o quadro de problemas.
    A disputa pelo título da NBB prossegue com o São José - classificado às semifinais – mais Flamengo, Limeira, Paulistano, Bauru, Franca e Mogi.
    Já o Brasília termina o ano apenas com o título sulamericano - a equipe fracassou também na Liga das Américas, o principal torneio do continente, vencido pelo rival Flamengo – e agora precisará de mudanças para voltar a ser a equipe vencedora de anos anteriores, quando conquistou quatro títulos nacionais.
    É recolher os cacos, levantar a cabeça, mudar algumas peças e partir para a temporada 2014/2015.

    sábado, 3 de maio de 2014

    Ayrton: 20 anos

    Nos últimos dias, um dos assuntos mais comentados do país foi os vinte anos da morte de Ayrton Senna.

    Às 14h17 do dia 1º. de maio de 1994, a quebra da barra de direção de sua Williams fez com que o tricampeão mundial de fórmula 1 passasse reto na velocíssima Curva Tamburello do Autódromo Enzo e Dino Ferrari, em Ímola, Itália, e se chocasse violentamente contra o muro de proteção, a 300 km/h. Transportado para um hospital em Bolonha, Senna morreria poucas horas depois.

    Acabava ali a carreira do maior ídolo do esporte nacional em todos os tempos, superando inclusive Pelé, um atleta de maior expressão mundial. Até hoje Senna desperta mais paixão, por sua exposição na mídia e pelas circunstâncias de sua morte.

    Não há meio termo quando se fala em Ayrton: a maioria o adora, e alguns o detestam, muito em função do seu desafeto, o também tricampeão mundial Nelson Piquet.

    Talvez eu seja um dos poucos que não o considerem nem herói nem vilão. Senna foi um esportista excepcional, um dos maiores pilotos da história, gostava de associar sua imagem ao país – ao contrário do brasiliense Piquet – mas também foi protagonista de alguns episódios pouco abonadores. Ou seja, um ser humano com qualidades e defeitos. Dele pode-se dizer muita coisa, menos que foi medíocre. 

    A seguir, um resumo da polêmica carreira de Senna, morto aos 34 anos: 
    • Iniciou sua carreira na Fórmula 1 em 1984, na pequena escuderia Toleman-Hart, passando a seguir pela Lotus, McLaren e Williams; 
    • Foi na McLaren que ganhou seus três títulos mundiais. Em 1988, seu primeiro ano na escuderia, ganhou o campeonato num ano de predomínio total da escuderia inglesa, que ganhou quinze das dezesseis provas da temporada, oito com Senna e sete com Prost. Na penúltima corrida do ano, Ayrton teve problemas na largada, caiu para 14º. mas, numa excepcional prova de recuperação, ganhou e foi campeão por antecipação. Nesse ano, Prost fez mais pontos que o brasileiro (105 x 94), mas o regulamento previa o “descarte” dos cinco piores resultados, invertendo o placar para 90 x 87 pró-Senna;
    • 1989 foi o marco da rivalidade Senna x Prost. O francês conquistou o título na polêmica corrida do Japão, após “fechar” o brasileiro, que tentava ultrapassá-lo. Os dois saíram da pista, mas Senna conseguiu voltar e vencer a prova. Prost, no entanto, gestionou junto ao chefão da FIA – Jean-Marie Balestre, seu compatriota – a desclassificação  de Ayrton, e foi campeão “no tapetão”.
    • Em 1990, o troco. E novamente no Japão. Com Prost na Ferrari, Senna largou com tudo e já na primeira curva os dois se embolaram, saíram da pista e Ayrton  conquistou o bi. O resultado da prova foi uma dobradinha da Benetton, com os brasileiros Piquet e Moreno em primeiro e segundo, respectivamente.
    • Em 1991 a Williams começou a se sobressair, mas Senna conquistou o tri “no braço”, vencendo o “leão” Nigel Mansell. Foi o ano da despedida de Piquet e da estreia de Schumacher, ambos pela equipe Benetton; 
    • Em 1992 e 1993 só deu Williams, com Mansell e Prost, respectivamente. O francês, que havia parado em 92, assinou no ano seguinte com a Williams, com uma cláusula que impedia a escuderia de contratar Ayrton Senna, que permaneceu na McLaren e ainda venceu cinco provas e foi vice-campeão, mesmo com um carro nitidamente inferior;
    • Em 1994, com Prost aposentado, Senna conseguiu a vaga na Williams, mas as mudanças no regulamento fizeram com que o carro já não predominasse sobre os demais. Ayrton não chegar a marcar um único ponto, abandonando as duas primeiras corridas do campeonato. A terceira seria o fatídico Grande Prêmio de Ímola.
    Um dos bons materiais publicados recentemente sobre o tema é uma série de textos publicados pelo jornalista Livio Oricchio, denominada “O que você ainda não sabe sobre a morte de Senna, 20 anos depois” (veja em http://esporte.uol.com.br/f1/ultimas-noticias/2014/04/28/20-anos-sem-senna-cronicas-de-um-heroi-brasileiro.htm).

    domingo, 23 de março de 2014

    MotoGP: Brasília fora

     
    Lorenzo e Rossi: Ex-campeões à caça do fenômeno Marc Márquez

    Há poucos dias foi confirmada a etapa da Fórmula Indy 2015 em Brasília. É mais um grande evento que consolida a importância da capital federal como polo esportivo do país.

    No entanto, não devemos esquecer que, em agosto do ano passado, o Governador Agnelo divulgou com o mesmo estardalhaço a realização de uma  etapa do Mundial de MotoGP 2014 também em Brasília. E voltou atrás, visto que o autódromo Nelson Piquet não receberá as reformas necessárias até o segundo semestre deste ano.

    A Indy é um grande espetáculo, mas em termos de emoção, não chega perto da motovelocidade. Neste domingo, no Catar, ocorreu a abertura do campeonato, com três provas: Moto 3 (com participação pífia do brasileiro Éric Granado), Moto 2 e Moto GP.

    O atual campeão, Marc Márquez, confirmou o favoritismo na categoria principal, vencendo a prova, apenas dois décimos de segundo à frente do veterano heptacampeão, “The Doctor” Valentino Rossi.

    Este ano, o mundial de motovelocidade promete ser bem mais equilibrado, pois o regulamento implementou várias regras que nivelam as duas principais equipes de fábrica – Honda e Yamaha – às chamadas satélites, que têm equipamento e orçamento bem inferior.

    O que se viu, mais uma vez, foi um show de ultrapassagens, quedas e disputas, ao contrário das sonolentas disputas das principais categorias do automobilismo.

    Para os aficionados, segue o calendário com as próximas provas do mundial de motociclismo, que é transmitido pelo canal fechado Sportv:
    • 13/04 – Austin (EUA)
    • 27/04 – Termas de Rio Hondo (Argentina)
    • 04/05 – Jerez (Espanha)
    • 18/05 – Le Mans (França)
    • 01/06 – Mugello (Itália)
    • 15/06 – Catalunya (Espanha)
    • 28/06 – Assen (Holanda)
    • 13/07 – Sachsenring (Alemanha)
    • 10/08 – Indianápolis (EUA)
    • 17/08 – Brno (República Tcheca)
    • 31/08 – Silverstone (Inglaterra)
    • 14/09 – Misano (San Marino)
    • 28/09 – Aragón (Espanha)
    • 12/10 – Motegi (Japão)
    • 19/10 – Phillip Island (Austrália)
    • 26/10 – Sepang (Malásia)
    • 09/11 – Valencia (Espanha)





    domingo, 16 de março de 2014

    Gafes e Patriotadas

    Barrichello e Galvão: Que dupla! (Foto: UOL)
    Nossa mídia esportiva continua a mesma... Patriotadas e gafes a todo instante.

    Sábado à noite, durante a decisão do Masters 1000 de Indian Wells, o narrador do SporTV dispara:
    - Excelente notícia para o esporte brasileiro! Felipe Massa larga na pole no Grande Prêmio da Austrália deste domingo!

    Bem, os treinos de classificação haviam ocorrido quase 20 horas antes dessa pérola. Constrangido, alguns minutos depois o narrador retifica a informação: Felipe largaria na nona posição.

    Para uma emissora que vive exclusivamente do esporte, que transmite esporte 72 horas por dia (afinal, são 3 canais), essa gafe é imperdoável.

    Massa, além de não ser nenhum Senna ou  Piquet - imagem que a Globo tentou inutilmente construir – também é azarado. Sua corrida durou apenas até a primeira curva, após ser atropelado pelo desastrado japonês Kobayashi.

    Massa: estréia infeliz (Foto: Reuters/Jason Reed)
    Galvão Bueno, claro, também não podia passar batido: quando Kobayashi arranjou, com muita grana de patrocínio, uma vaguinha na Caterham na temporada de 2014, o narrador que todos adoram odiar comemorou, exaltando a simpatia de Koba, como se a F1 fosse um concurso de miss. Quando ele tirou Massa (e, portanto, audiência) da corrida, Galvão praticamente surtou.

    Voltando ao tênis, manchete do UOL:  “Soares vira 5° brasileiro a vencer Federer e tenta 2ª taça em Masters 1000”.

    Os desavisados poderiam imaginar o surgimento de um novo Guga. No entanto, a notícia foi totalmente fora do contexto.

    O jogo foi de duplas. Quem conhece um pouquinho de tênis, sabe que se trata praticamente de um outro esporte. Os fundamentos são muito diferentes.

    Nas duplas, os papéis se invertem: Bruno Soares é um atleta respeitado, e há muito tempo está nas cabeças do ranking da ATP. Atualmente, juntamente com o austríaco Alexander Peya, é o número 2 do mundo, atrás apenas dos irmãos americanos Bryan. Outro brasileiro, Marcelo Melo, é o número 3.

    Soares (à direita): O Brasil no topo (Foto: EFE/Michael Nelson)
    Federer não está ranqueado nem entre os 100 primeiros, pois não costuma jogar duplas. Possivelmente, ele participou da competição como preparação para a Taça Davis, juntamente com seu compatriota Wawrinka, que, aliás, está à sua frente no ranking individual (Federer, número 1 por vários anos, atualmente é o oitavo, enquanto Wawrinka é o terceiro).

    Deu a lógica, portanto.

    A Copa do Mundo vem aí. Vamos acompanhar mais pérolas da nossa imprensa...