domingo, 11 de novembro de 2018

Cem anos, uma grande conquista!



Fortaleza campeão brasileiro da série B! É o primeiro título nacional relevante do futebol cearense.

Um feito inédito, não só no estado, mas também no norte/nordeste, desde que o campeonato passou a ser disputado no regime de pontos corridos.

Depois de um martírio de oito longos anos, em 2017 finalmente o tricolor cearense conseguiu sair do inferno da série C. Em 2018, ano do centenário do clube, o presidente Marcelo Paz resolveu ousar.

Numa grande sacada, o gestor tricolor abriu os cofres e foi buscar um grande nome do futebol mundial: o ex-goleiro-artilheiro e ídolo são-paulino Rogério Ceni.

Oficialmente, o Mito foi contratado como treinador, mas atuou, na prática, como um manager, realizando mudanças profundas na estrutura do clube, com carta branca da diretoria.

O trabalho de Ceni começou com a remontagem do elenco, pois aquele que havia conseguido o acesso para a série B era reconhecidamente um dos mais fracos dos últimos anos.
Não foi uma tarefa fácil. Algumas apostas iniciais do treinador, como Alípio e Leo Natel, não se firmaram. 

Nomes como o argentino Germán Pacheco e a maior contratação do ano, Alan Mineiro, passaram pouco tempo no clube. Ceni foi muito questionado em suas escolhas, e a perda do título do campeonato cearense para o arqui-rival Ceará aumentou o coro dos que criticavam seu trabalho e pediam sua saída.

Mas o estadual foi um bom laboratório. Com bons nomes como Edinho, Osvaldo e o artilheiro Gustagol, o time já era bem melhor que o do ano anterior, mas ainda insuficiente para a maratona da série B. 

Prestigiado pela diretoria, Ceni percebeu que o time precisava de mais um upgrade, arregaçou as mangas e voltou ao mercado em busca de reforços para o brasileirão.

O técnico ligou para dezenas de jogadores. Muitos preferiram outros clubes, como Ponte Preta e São Bento, pela maior proximidade com o centro-sul do país, onde a visibilidade era maior. Alguns jogadores importantes na vitoriosa campanha da série B chegaram já com o campeonato em andamento, casos de Nenê Bonilha e Marcinho.

Ao apostar em nomes muito questionados pela torcida e pela própria mídia, como Felipe e Marlon, Rogério mostrou talvez a sua maior qualidade: a gestão de pessoas. Afinal, o comandante estava no dia-a-dia com os atletas, e ninguém melhor do que ele, com sua experiência de mais de vinte anos no mundo do futebol, para fazer as melhores escolhas e colocar o Fortaleza no rumo certo.  

Apesar das dificuldades, o time mostrou um padrão consistente e as vitórias começaram a surgir. O Leão embalou, ganhou confiança e sempre esteve no G4 (só deixou de ser líder em 2 das 38 rodadas), apesar da perda de alguns jogadores importantes, por contusões (que foram muitas) ou negociados. Era o preço a pagar pelo sucesso do time.    

O resultado superou todas as expectativas, apesar da descrença inicial e das limitações financeiras: Goiás e Coritiba estavam em outro patamar, com muito mais orçamento e estrutura. Pelo menos outras cinco equipes tinham um elenco mais caro que o clube cearense. Ou seja, foi a vitória da competência!

Com quatro rodadas de antecedência, o Leão garantiu acesso à elite do futebol nacional e, duas rodadas depois, conquistou o título, vencendo a forte equipe do Avaí por 1 a 0 fora de casa. Nesse jogo, inclusive, Ceni poupou vários jogadores, pendurados com cartões ou com problemas físicos, pois o planejamento era garantir o título na partida seguinte, em casa, contra o frágil Juventude. Mas, mais uma vez, o time se superou e teve um herói improvável, Rodolfo, pouco utilizado na campanha vencedora, que marcou o gol da vitória no final do jogo, quando o empate já garantia o título.

Com todo esse sucesso e exposição, o Fortaleza tem agora uma oportunidade única de se consolidar no cenário nacional. Uma ótima notícia para o futebol brasileiro, pois um clube que leva 50 mil torcedores ao estádio tem mais é que estar entre os grandes.

Em 2019 virão mais desafios. Mas o clube parece estar no caminho certo.

Vida longa ao Leão na série A!