segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Motovaidade!!

Márquez, Lorenzo e Rossi: 2016 promete

E terminou o mundial de motovelocidade.


Com todos os méritos, o espanhol Jorge Lorenzo venceu pela sétima vez na temporada e garantiu o tricampeonato mundial da categoria.


Mas... o campeonato teve um componente que os normalmente atentos responsáveis pela transmissão do evento no canal pago Sportv – Guto Nejaim e Fausto Maciera - ignoraram solene e inexplicavelmente: o campeonato foi decidido pela vaidade.


E os personagens principais foram exatamente os perdedores do ano: Rossi e Márquez. Enquanto o italiano, heptacampeão na categoria principal, é reconhecido como um dos maiores – senão o maior – da história, o jovem espanhol é exaltado como um candidato a esse posto.


Márquez ascendeu à MotoGP há três temporadas, com 20 anos recém-completados. Nas duas primeiras, ganhou tudo e se tornou o mais jovem bicampeão da história.


Em 2015, a Honda teve alguns problemas e já não forneceu um equipamento suficientemente poderoso para um tricampeonato tranquilo de Márquez. E, pressionado, o novo fenômeno do esporte errou. Após algumas quedas, o título foi ficando distante.

Até o meio do ano, o que se via era um relacionamento extremamente cordial entre os fenômenos do passado e do futuro. Rossi e Márquez estavam sempre sorrindo, independentemente de seus resultados nas corridas. Já o carrancudo Lorenzo, só demonstrava alegria quando estava no alto do pódio.


Aproximando-se o final da temporada, esse cenário se alterou. O que se viu foi um Marc Márquez “marcando” Valentino.


Alguns patriotas enxergaram ali um complô de conterrâneos – dos “quatro fantásticos”, três são espanhóis, Lorenzo, Márquez e Pedrosa, enquanto apenas Rossi é italiano. Como se isso representasse alguma coisa para os protagonistas desse que é, disparadamente, o mais emocionante esporte a motor.


Ficou muito claro, especialmente nas duas últimas corridas da temporada, que Márquez tinha muito mais apetite para atacar quando via Rossi à sua frente.


O piloto mais vaidoso do circuito é exatamente o tricampeão Lorenzo. Mas, embora seja um piloto excepcional, dificilmente ele será reconhecido algum dia como o melhor da história.


Márquez, então, percebeu que mais um título do multicampeão Valentino Rossi dificultaria sua escalada ao topo. Com o campeonato perdido, a “Formiga Atômica” passou a trabalhar para Lorenzo.

Isso ficou particularmente evidenciado nas duas últimas corridas. Na penúltima, no circuito da Malásia, Márquez foi com tanta sede em perseguição a Rossi, que o Doutor perdeu a paciência e lhe deu um “chega pra lá” com os pés, durante uma tentativa de ultrapassagem. A manobra foi considerada – corretamente, diga-se de passagem – inadequada pelos organizadores, que penalizaram o italiano com o último lugar no grid da corrida decisiva, em Valencia. O que foi decisivo para o campeonato. 

Neste domingo, apesar de realizar uma corrida de recuperação espetacular, o Doutor chegou até onde podia: o quarto lugar. Para ser campeão com essa colocação, era necessário que Lorenzo chegasse no máximo em terceiro. O que parecia provável, pois as Honda de Márquez e Pedrosa pareciam ameaçar perigosamente a liderança da Yamaha 99.


Parecia. Mas não foi o que ocorreu. As motos laranja apenas comboiaram Jorge Lorenzo para a vitória e o título, num dos mais disputados campeonatos da história.