domingo, 29 de junho de 2014

Seremos campeões. Ou não...

“Carlos Alberto”, de Rubens Gerchman

Em princípio, é legal ver os jogadores que representam nosso país na Copa do Mundo com os olhos marejados. Isso significa que eles estão jogando com o coração.

No entanto, uma análise mais acurada pode indicar que isso, de certa forma, pesa contra um bom resultado na competição.

É contraditório, por exemplo, ouvir o capitão Thiago Silva dar uma entrevista antes do evento informando ter o grupo na mão, ser respeitado e considerado por todos uma referência para os mais jovens.

Mas, na hora do “pegapracapá”, os pênaltis que decidiriam o futuro da equipe na competição, o capitão simplesmente se isolou, sentou num canto, chorou e não se apresentou para cobrar.

Júlio César – sem dúvida, o grande nome do jogo contra o Chile – também se desfez em lágrimas antes da disputa decisiva.

A maioria, ainda, apelava para a religião. Nada contra a fé, pelo contrário. Mas imagino que os do lado de lá também são filhos Dele...

Sou fã do futebol de Neymar Jr, mas nunca gostei de determinadas atitudes suas, como o excesso de badalação e exposição, a molecagem exacerbada ou sua conhecida vaidade.

No entanto, na hora H, foi ele quem demonstrou maturidade e tranquilidade para resolver. Não arrebentou, mas manteve os nervos no lugar até o momento da cobrança decisiva.

Mas temos outros problemas.

Um sintoma de que nossa seleção não é lá essa maravilha são as críticas a determinados jogadores, como Fred e Jô, sem que se apresente o “injustiçado”, aquele que seria o salvador da pátria. Ou seja, não temos uma geração tão talentosa... Pode-se questionar as ausências de um Lucas, Kaká ou Miranda, mas nenhuma unanimidade ficou de fora.

Nosso treinador também não é exatamente um especialista em tática ou grandes esquemas de jogo. Seu grande mérito sempre foi a motivação, sua capacidade de unir o grupo em torno de um objetivo comum. Isso ajuda muito, mas não resolve por si só.

Uma característica bastante marcante no treinador seleção é sua teimosia. Scolari não admite que alguém antecipe uma necessidade de mexer na equipe. Assim é que, quando a imprensa identificou uma possível troca de Oscar por Willian, em razão do desempenho dos dois nos últimos amistosos e treinos, o turrão fincou pé e manteve a mesma formação.

Felipão também não admite qualquer contrariedade durante uma entrevista. Sua postura é sempre de arrogância e superioridade. O oposto, por exemplo, do equilibrado e humilde treinador do Fluminense, o competente Cristóvão Borges (não estou aqui defendendo Cristóvão como novo técnico da seleção...).


O Brasil pode cair no próximo jogo, contra a talentosa Colômbia. Ou ser campeão. Por mais que se teorize sobre o assunto, há uma grande dose de incerteza no futebol. No pênalti de Jara, que tirou o Chile da Copa, bastaria que a bola fosse alguns milímetros pra esquerda, e a história poderia ser outra...

sábado, 14 de junho de 2014

Causos da Copa...

    Alemanha x Inglaterra, 2010: a bola não entrou...
    • Suécia, 1958: há 56 anos, o jogador brasileiro já era meio... arisco. Uma das preocupações da comissão técnica era isolar os atletas das belas escandinavas. Mas a seleção tinha Mané, famoso por seus dribles... e meses depois nascia Ulf Lindberg.
    • Naquela mesma Copa, no dia 30 de junho, um dia após o Brasil massacrar os donos da casa na final por 5 a 2, um grupo de jogadores passeia pelas ruas geladas de Estocolmo e se depara com o mulato Moacir - meia do Flamengo, que não chegou a jogar nenhuma partida - abraçado com uma loira lindíssima. Antes que alguém dissesse qualquer coisa, ele se adianta, esbaforido: “Não me chamem de Moacir, pelo amor de Deus! Eu sou o Pelé! Eu sou o Pelé!”... 
    • Alemanha, 1974: a sensação era a “laranja mecânica”. A estrela da companhia era Johan Cruijff (Cruyff para os estrangeiros). Sua camisa era diferente do restante do time da Holanda. Patrocinado pela Puma, Cruijff se recusou a usar as três listras que caracterizavam o uniforme da concorrente Adidas – sua camisa tinha apenas duas. Essa foi a condição para o principal jogador dos países baixos ajudar a levar sua seleção ao vice-campeonato mundial. 
    • Adidas e Puma, aliás, eram uma mesma empresa, a Gebrüder Dassler Schuhfabrik - Fábrica de Sapatos Irmãos Dassler - fundada no início do século XX. Em 1947, os constantes desentendimentos entre os irmãos resultaram em uma cisão que deu origem às duas gigantes do material esportivo.
    • Argentina, 1978: França e Hungria se enfrentaram na última rodada já eliminadas, num grupo que também tinha Argentina e Itália. No entanto, as duas seleções entram em campo de camisas brancas, e ninguém tinha um segundo uniforme, para desespero do árbitro, o sr. Arnaldo César “a regra é clara” Coelho. Depois de muita polêmica, a França jogou – e venceu por 3x1 – usando um horroroso uniforme listrado em verde e branco do Kimberley, um pequeno clube de Mar Del Plata. 
    • Espanha, 1982: A maior goleada da história da Copa do Mundo. Massacre da Hungria sobre El Salvador - 10 a 1. No jogo França x Kwait, o sheik (não o do Botafogo, mas também encrenqueiro...) invadiu o campo para pedir – e ser atendido - a anulação de um gol. Não teve jeito: 4 a 1 Les Bleus.
    • México, 1986: No jogo Brasil x Espanha, o Hino Nacional Brasileiro foi substituído pelo Hino à Bandeira. Uma gafe no estilo Wanusa...
    Higuita: o goleiro-escorpião
    • Itália, 1990: René Higuita, o lendário goleiro colombiano, saiu jogando para tentar ajudar a Colômbia na prorrogação contra Camarões, perdeu a bola e entregou o gol para os africanos. Cinco anos depois, Higuita assombrou o mundo com a famosa “defesa escorpião”, num amistoso contra a Inglaterra, ao salvar um chute  com os calcanhares, num salto acrobático. Um site inglês considerou essa defesa a jogada mais espetacular da história do futebol.
    • EUA, 1994: O camaronês Roger Milla, protagonista do lance com Higuita quatro anos antes, marcou o único gol de seu país na derrota para a Rússia. Milla tinha 42 anos e se tornou o jogador mais velho a marcar em copas.
    • Brasil, 2014: Nossa seleção passou relativamente bem pelo primeiro desafio. A Croácia de “apendicite”, “celulite” e “Brad Pitt” até que deu trabalho, mas no final caiu por 3 a 1. Tudo bem que o juiz deu uma forcinha naquele pênalti Mandrake... Em apenas dois dias de competição, já tivemos algumas pixotadas da arbitragem, prejudicando Croácia, México e Holanda. Nada, no entanto, comparável à não marcação do gol da Inglaterra contra a Alemanha, na copa anterior, quando a bola entrou mais de meio metro... 
    • Essa ultima não é politicamente correta, nem mesmo ocorreu numa Copa do Mundo, mas diz respeito à maior rivalidade do futebol mundial, Brasil e Argentina, 2010. Quartas de final da Taça Libertadores da América. Com um gol no finalzinho, o Inter de Porto Alegre eliminou o Estudiantes, então campeão da competição. Como sempre ocorre ao perderem para os “macaquitos”, os portenhos perderam também a compostura. No meio do quebra-pau, Lauro, goleiro reserva do Inter, dá um cascudo no enjoado zagueiro Desábato. Meio atordoado, o grandalhão se vira e mete a bolacha no goleiro titular do Inter... o também argentino Abbondanziéri. Grande Lauro!!!

    domingo, 1 de junho de 2014

    O novo monstro!

    Márquez: imbatível
    Ciclicamente, o esporte produz fenômenos, como Pelé, Bolt, Jordan, Phelps.

    No motociclismo não é diferente.  Nas últimas décadas, os principais astros da velocidade sobre duas rodas foram os italianos Giacomo Agostini e, mais recentemente, Valentino Rossi. O “Doutor” ainda está em atividade, e pode testemunhar de perto o surgimento do seu sucessor: o espanhol Marc Márquez.

    A “Formiga Atômica” ascendeu à categoria principal em 2013 e já no primeiro ano conquistou o título, numa disputa acirrada com seu compatriota Jorge Lorenzo.

    Em 2014, Márquez se consolidou como fenômeno, ao vencer as seis primeiras corridas temporadas e, decorrido um terço do campeonato, já é considerado o virtual campeão.

    Mas a sexta vitória foi emocionante, numa disputa curva a curva com o bicampeão Lorenzo. Honda e Yamaha protagonizaram uma constante troca de posições nas últimas voltas, com Márquez se consolidando à frente apenas na volta final.

    O heptacampeão Valentino Rossi completou o pódio e foi o grande homenageado em Mugello (Itália), ao completar 300 corridas na carreira.

    Quem está na pior é Dani Pedrosa. A eterna promessa da motovelocidade foi mero coadjuvante, chegando na quarta posição, que é um péssimo resultado, considerando-se que o espanhol pertence à melhor equipe do mundial, a Honda/Repsol, exatamente a mesma de Márquez.

    Pedrosa corre o risco de ficar sem emprego para 2015. A Honda não anda nada satisfeita com o seu desempenho, e deve ir atrás de um segundo piloto. Pode não parecer, mas ter dois pilotos competitivos é fundamental para as montadoras. Ver Márquez brigando com as duas Yamaha pode passar a impressão de que quem está fazendo a diferença é apenas o piloto, e que sua concorrente japonesa tem equipamento superior (o que não é verdade).


    De qualquer forma, mesmo com o campeonato praticamente decidido desde o início, vale a pena acompanhar as corridas de motovelocidade, que porporcionam disputas emocionantes. Diferentemente da Fórmula 1, por exemplo, a MotoGP é um dos esportes de velocidade onde o braço ainda faz uma grande diferença.