“Carlos Alberto”, de Rubens Gerchman |
Em princípio, é legal ver os
jogadores que representam nosso país na Copa do Mundo com os olhos marejados. Isso
significa que eles estão jogando com o coração.
No entanto, uma análise mais
acurada pode indicar que isso, de certa forma, pesa contra um bom resultado na
competição.
É contraditório, por exemplo,
ouvir o capitão Thiago Silva dar uma entrevista antes do evento informando ter
o grupo na mão, ser respeitado e considerado por todos uma referência para os
mais jovens.
Mas, na hora do “pegapracapá”, os
pênaltis que decidiriam o futuro da equipe na competição, o capitão
simplesmente se isolou, sentou num canto, chorou e não se apresentou para
cobrar.
Júlio César – sem dúvida, o
grande nome do jogo contra o Chile – também se desfez em lágrimas antes da disputa decisiva.
A maioria, ainda, apelava para a religião.
Nada contra a fé, pelo contrário. Mas imagino que os do lado de lá também são
filhos Dele...
Sou fã do futebol de Neymar Jr,
mas nunca gostei de determinadas atitudes suas, como o excesso de badalação e
exposição, a molecagem exacerbada ou sua conhecida vaidade.
No entanto, na hora H, foi ele
quem demonstrou maturidade e tranquilidade para resolver. Não arrebentou, mas
manteve os nervos no lugar até o momento da cobrança decisiva.
Mas temos outros problemas.
Um sintoma de que nossa seleção
não é lá essa maravilha são as críticas a determinados jogadores, como Fred e
Jô, sem que se apresente o “injustiçado”, aquele que seria o salvador da
pátria. Ou seja, não temos uma geração tão talentosa... Pode-se questionar as
ausências de um Lucas, Kaká ou Miranda, mas nenhuma unanimidade ficou de fora.
Nosso treinador também não é
exatamente um especialista em tática ou grandes esquemas de jogo. Seu grande
mérito sempre foi a motivação, sua capacidade de unir o grupo em torno de um
objetivo comum. Isso ajuda muito, mas não resolve por si só.
Uma característica bastante
marcante no treinador seleção é sua teimosia. Scolari não admite que alguém
antecipe uma necessidade de mexer na equipe. Assim é que, quando a imprensa
identificou uma possível troca de Oscar por Willian, em razão do desempenho dos
dois nos últimos amistosos e treinos, o turrão fincou pé e manteve a mesma
formação.
Felipão também não admite
qualquer contrariedade durante uma entrevista. Sua postura é sempre de arrogância
e superioridade. O oposto, por exemplo, do equilibrado e humilde treinador do
Fluminense, o competente Cristóvão Borges (não estou aqui defendendo Cristóvão como
novo técnico da seleção...).
O Brasil pode cair no próximo
jogo, contra a talentosa Colômbia. Ou ser campeão. Por mais que se teorize
sobre o assunto, há uma grande dose de incerteza no futebol. No pênalti de Jara, que tirou o Chile da Copa, bastaria que a bola fosse alguns milímetros pra esquerda, e a história
poderia ser outra...