domingo, 13 de julho de 2014

Balanço da Copa


E a Copa acabou, deixando um gostinho de “quero mais” para quem aproveitou.

A Alemanha foi campeã com justiça, apesar de só ter encontrado vida fácil contra Portugal (4x0) e Brasil (melhor não lembrar quanto foi...). Gana, Estados Unidos, Argélia, França e, claro, a Argentina, deram muito trabalho aos tetracampeões.

Messi foi eleito o craque da copa. Essa escolha tem um grave problema: a votação é realizada após a semifinal, e os jurados avaliam as atuações passadas, mas também meio que tentam adivinhar como será a final. Foi assim em 2002, quando o eleito Kahn foi o grande responsável pela derrota contra o Brasil, ou mesmo em 1998, quando Ronaldo ganhou o prêmio e quem brilhou mesmo foi o franco-argelino Zidane.

Em 2014, o melhor, disparado, foi o cai-cai Robben. Neymar e Rodríguez seriam candidatos, mas saíram cedo demais. Destaque também para os goleiros, como Neuer, Howard, Ochoa e Navas.

Um dos grandes prazeres nessa copa foi conhecer pessoas de todas as partes do mundo. Cada jogo era uma festa e o clima era quase sempre de muita diversão e integração. Na primeira fase, em especial, era comum ver torcidas adversárias se confraternizando. No quesito empolgação, destaques para as torcidas do México e Colômbia.

Bom, mas a Copa se foi. Enquanto organização, receptividade e calor humano, o Brasil foi 10! Já no futebol... Bem, nossa seleção pecou por não reconhecer suas limitações, e a cobrança pelo título era desproporcional. Naufragamos no emocional.

E ficaram os estádios. A maior parte será, realmente, um legado para o país, apesar do superfaturamento de alguns (senão de todos). O “Impressorão” (SP), o Maracanã, o Mineirão e outros, certamente continuarão a ter alguma utilização. A preocupação é com as cidades sem nenhuma tradição futebolística, como Manaus e Cuiabá. Sob esse aspecto, Belém e Goiânia seriam sedes mais “naturais”, apesar do menor apelo turístico.

Bom, agora só daqui a quatro anos, na Rússia, outro país de dimensões continentais. Ao Brasil, resta recolher os cacos e buscar retomar o rumo das vitórias. É bom lembrar que hoje todos são unânimes nas críticas à seleção, mas antes da semifinal o oba-oba era generalizado.

Todos criticam os dirigentes da CBF, o ultrapassado Felipão, o “cone” Fred e o “poste” Jô, mas não há consenso sobre quem deveria estar em seus lugares. O fato é que, com raríssimas exceções, a geração atual de boleiros é muito fraca, especialmente no meio-campo.

Resta esperar que até 2018 nossa seleção se reinvente (como já o fez tantas vezes) e possa brigar novamente em pé de igualdade com as outras potências.

Até lá, o país do futebol é a Alemanha. 



















terça-feira, 8 de julho de 2014

Brasil, Decime que se siente. Y decime qué se siete...

Pane: quatro gols em seis minutos
Mineirazzo seria um título muito óbvio. O Brasil foi humilhado pela Alemanha.

A maior goleada das copas, Hungria 10 a 1 em El Salvador, parecia que seria superada. Afinal, aos 30 do primeiro tempo já estava 5 a 0. Então, 7 a 1 até que ficou de bom tamanho.

Galvão Bueno em mais uma de suas pérolas ufanistas:
- O segundo tempo foi só 2 a 1 pros alemães...

Conforme já havíamos observado, goleadas nessa copa ocorreram apenas entre grandes. A semifinal poderia ter sido diferente. Afinal, não somos piores que argelinos ou ganeses, que fizeram jogos duros e empataram com os alemães. O problema é que, assim como a Espanha contra a Holanda, fomos pra frente e abrimos espaços. E a Alemanha foi mortal.

Pra piorar o sentimento dos “reis do futebol”, Klose ultrapassou Ronaldo como maior artilheiro das copas (16 x 15) e Müller passou Neymar na vice-artilharia de 2014 (5 x 4). Barba, cabelo e bigode.

Se formos disputar o terceiro lugar com os argentinos (a não ser que eles sofram humilhação semelhante contra a Holanda, o que é pouco provável), vamos escutar muita zoeira dos enjoados hermanos.

Possivelmente, o hit “Brasil, decime que se siente” (Brasil, dize-me o que sente) vire “Brasil, decime qué se siete” (Brasil, diga-me o que é sete), conforme já antecipou o ácido jornal portenho Olé.

A maior humilhação da história do futebol brasileiro foi um choque de realidade, muito em função da excessiva importância que (não só a mídia) se criou em torno da seleção. A exposição excessiva, o endeusamento dos jogadores, a obrigação de ganhar, fizeram o Brasil partir pra cima, sendo facilmente envolvido pela maior qualidade do adversário.

Colômbia e França perderam Radamel Falcao e Ribéry, respectivamente. Seus principais astros. Mas seguiram em frente. O Brasil perdeu Neymar e parece que o mundo acabou.  

Em 2006, a Alemanha jogou em casa, conquistou o terceiro lugar e acabou reverenciada pelos torcedores.

Aqui, não teve um único jogador nas entrevistas pós-jogo que sequer citou a próxima partida, contra Holanda ou Argentina.

Não tem jeito. Somos assim mesmo. 

O clima no próximo sábado, em Brasília, será muito estranho. Mas estaremos lá...
  

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Uma Copa de gols e de goleiros...

James: seis gols e despedida em Fortaleza
Belos estádios, clima festivo, integração cultural, nível técnico acima do esperado, jogos eletrizantes, e os tão falados problemas de infraestrutura muito menores do que se esperava.

A Copa no Brasil é um sucesso!

Uma Copa de belos gols e algumas estrelas. Messi,  Neymar (fora da copa, com uma fratura na vértebra) e Müller estão fazendo jus à badalação, com a companhia inesperada do jovem colombiano James Rodríguez, que deixou o Castelão aos prantos neste sábado. Mas, com seis gols, periga permanecer como artilheiro do torneio.

Akinfeev: tá russo! 
Casillas: decepção espanhola
Mas a grande sensação do evento são os goleiros. Se de um lado tivemos as trapalhadas do  espanhol Iker Casillas e do desastrado russo Igor Akinfeev, a lista de destaques positivos é bem maior:

Navas: surpresa caribenha

Keylor Navas: estrela maior da zebra Costa Rica. Aos 27 anos, 1,86m, o goleiro do Levante da Espanha é pretendido por grandes clubes europeus, como o Real Madri e o Porto. 
Bravo Chile!





Claudio Bravo: o chileno de 31 anos e 1,85 m acaba de trocar a Real Sociedad pelo Barcelona. Pena que sua seleção tenha sido eliminada precocemente.

Júlio César: redenção
Julio César: criticado por todos antes da competição, demonstrou segurança em todas as partidas, sendo o maior destaque do Brasil nas oitavas contra o Chile, não só por pegar dois pênaltis, mas também por suas grandes defesas durante o jogo.
Ochoa: desempregado





Guillermo Ochoa: Outro que não era unanimidade no seu país, o goleiro do rebaixado Ajaccio, da França, antes da copa estava procurando emprego. Certamente já deve estar recebendo várias propostas. Tem 28 anos e 1,83 de altura, o que pode ser considerado baixo para um goleiro. Pegou tudo contra o Brasil ... e quase tudo contra a Holanda.

M'Bolhi: muralha argelina
Raïs M’Bolhi: 26 anos, 1,90m e joga no CSKA Sófia, da Bulgária. Francês de nascimento, chegou a atuar em seleções de base da França, mas quando percebeu que não teria chance nos Bleus, optou pela nacionalidade argelina.


Neuer: bora Bahea!


Manuel Neuer: Antes da Copa, Neuer, 28 anos e 1,93m, protagonizou, com o meia Bastian Schweinsteiger, momentos de descontração durante os preparativos da seleção alemã em Santa Cruz Cabrália (BA). A dupla chegou, inclusive, a entoar o famoso “Bora Bahea”, mantra do tricolor da boa terra. Mas, na hora do “vamos ver”, o alemão com nome de portuga mostrou a segurança de sempre...

Courtois: gigante belga
Thibaut Courtois: Um dos responsáveis pela brilhante temporada do Atlético de Madri, o goleiro belga não protagonizou defesas espetaculares, mas sua sobriedade dá segurança à defesa. Courtois deverá retornar ainda este ano ao Chelsea, dono do seu passe, onde deverá substituir o experiente Petr Cech.  




Howard: os americanos o querem pra Ministro da Defesa

Tim Howard: O veterano goleiro norte-americano, tem 1,91m, 35 anos e joga no Everton, da Inglaterra. Chegou a ser titular do poderoso Manchester United, mas perdeu espaço com a contratação do astro holandês Van der Saar. Multiatleta, Howard já foi um competente jogador de basquete e, no futebol, começou como meio-campista. Possivelmente, sua mudança para o gol tenha relação com a síndrome de Tourette, doença responsável por seguidos espasmos, que Howard aprendeu a controlar durante as partidas. Estatisticamente, sua atuação contra a Bélgica foi considerada a melhor de um goleiro na história das copas do mundo.

Pena que a copa está acabando e só veremos tanta gente boa junta daqui a quatro anos, na gelada Rússia...