Saiu a relação dos dez indicados
da Fifa para o melhor jogador do ano. A partir daí saem os três finalistas para
a escolha final, que ocorre em setembro.
Nessa lista, figurinhas
carimbadas como Lionel Messi e Cristiano Ronaldo, além de outras já esperadas,
como o egípcio Mohamed Salah e o crota Luka Modric. Mas o que chamou a
atenção, claro, foi a ausência de Neymar.
A surpresa é maior se
considerarmos que, dos treze votantes, nada menos que três eram brasileiros:
Parreira, Kaká e Ronaldo. Normalmente, nosso histórico bairrismo costuma aumentar
um pouco a chance dos jogadores tupiniquins.
Em 1994, tivemos Romário eleito
craque do ano, e a lista dos dez teve, além de Bebeto, os brucutus Dunga e
Mauro Silva, em uma escolha um tanto quanto exagerada, apesar da reconhecida importância dos dois volantes na conquista do tetra.
Mas ano de copa é assim mesmo. O
torneio tem sempre um peso significativo na escolha. Em 2018, dos dez, apenas três – os incontestáveis
CR7, Messi e Salah – não chegaram às semifinais na Rússia.
De todo modo, quem acompanha o
futebol com isenção há de reconhecer que, considerando todo o período – a eleição
considera o desempenho dos atletas de julho/17 a julho/18 – o craque cai-cai
teve desempenho bem superior a atletas como Harry Kane e Eden Hazard.
Nosso fracasso na Copa e a
antipatia global angariada por Neymar – que atingiu seu ápice na Rússia – minaram
quaisquer chances do brasileiro figurar pelo menos nessa primeira lista. Ficar entre os três já era mais difícil.
Neymar tem um talento
indiscutível, mas infelizmente seu comportamento gera uma irresistível torcida
contra. Seu pai, que administra sua carreira com mão de ferro, e seus “parças”,
em nada contribuem para o objetivo do nosso craque de se tornar o melhor do
mundo. Já famoso, inclusive, Neymar foi rebatizado de Neymar Júnior, em uma
jogada de marketing de Neymar pai,
com o único objetivo de promover a si próprio.
O atacante do PSG sentiu o baque
da derrota brasileira na copa, e possivelmente sentiu mais ainda sua ausência na relação dos
melhores do mundo em 2018. Em seu retorno ao clube francês, seu status de super-astro
estará ameaçado pelo ascendente craque Mbappé, que aos 19 anos já conquistou um
título mundial e hoje é uma unanimidade, adicionando carisma e simpatia ao seu
imenso talento.
A excessiva vaidade, a provocação
desnecessária a adversários, seus exageros e simulações, além de sua baixa
resiliência ao encarar situações difíceis, evidenciam que nosso garoto-prodígio
– que, aos 26 anos, já nem é tão garoto assim – ainda não amadureceu o
suficiente a ponto de alçar voos mais altos na carreira.
Uma pena.
Na ressaca pós-copa, sobrou até para o treinador, criticado por não colocar Neymar nos eixos. Uma injustiça. Como gestor, Tite fez o que pôde, mas tinha pouca margem de manobra, premido que estava pela mídia, pela necessidade de trazer o hexa e, principalmente, pela neymar-dependência.
Fracassamos.
Agora é aguardar mais quatro anos. No Catar, em 2022, Neymar, terá 30
anos e, possivelmente, uma última chance de jogar uma copa em alto nível. Até lá,
precisará crescer e se reinventar. Poderia, quem sabe, se inspirar em grandes atletas, como Nadal, Federer e Djokovic, que unem talento, foco, disciplina e respeito ao adversário...
Neymar é um craque, isso ninguém discute. Adorá-lo ou odiá-lo, no entanto, passa por uma questão mais profunda, relacionada aos valores de cada um.
Neymar é um craque, isso ninguém discute. Adorá-lo ou odiá-lo, no entanto, passa por uma questão mais profunda, relacionada aos valores de cada um.