Apesar de um certo desinteresse
do povão – se comparado a outros anos – o assunto do momento é, sem dúvida, a
Copa do Mundo. Nas empresas, colegas se cotizam para a compra de TVs, algumas
ruas se cobrem de bandeirolas verde-amarelas, alguns organizam bolões e, como
não poderia deixar de ser, grupos de discussão com os assuntos de sempre: uma
ou outra crítica à convocação de Tite – um técnico com popularidade em alta,
como há muito não se via - e quais seriam nossos principais concorrentes na
luta pelo hexa.
Além do Brasil, temos a sempre
favorita Alemanha defendendo o título conquistado há quatro anos, mais Espanha
e França, que têm revelado jovens valores. Além desses quatro, não se pode
descartar a Argentina de Messi e, quem sabe, o bom conjunto da Bélgica pode
surpreender. Os craques Cristiano Ronaldo e Salah estão arrebentando, mas suas
equipes – Portugal e Egito, respectivamente – não os credenciam à disputa do
caneco.
Nesta quinta começa a corrida ao
título, com Rússia x Arábia Saudita. O Brasil só estréia no domingo, contra a
sólida Suíça.
Para não ficarmos só no
lugar-comum, vamos resgatar algumas curiosidades sobre o grandioso evento que
se aproxima:
• Há 60 anos, no nosso primeiro
título, nossa equipe tinha os astros Garrincha e Pelé, quase uma criança à
época. Mas o espírito do jogador brasileiro não era lá muito diferente do atual.
Uma das preocupações da comissão técnica na copa da Suécia era isolar os
atletas das belas loiras escandinavas. Mas Mané, famoso por seus dribles... e
meses depois nascia Ulf Lindberg.
• Ainda na Copa da Suécia, no dia
30 de junho de 1958, um dia após o Brasil massacrar os donos da casa na final
da copa por 5 a 2, um grupo de jogadores passeia pelas ruas geladas de
Estocolmo e se depara com o mulato Moacir – meia do Flamengo, que não chegou a
jogar nenhuma partida – abraçado com uma loira lindíssima. Antes que alguém
dissesse qualquer coisa, ele se adianta, esbaforido: “Não me chamem de Moacir,
pelo amor de Deus! Eu sou o Pelé! Eu sou o Pelé!”
• Na copa de 78, França e Hungria
se enfrentaram na última rodada já eliminadas, num grupo que também tinha
Argentina e Itália. No entanto, as duas seleções entram em campo de camisas
brancas, e ninguém tinha um segundo uniforme, para desespero do árbitro, o sr.
Arnaldo César “a regra é clara” Coelho. Depois de muita polêmica, a França
jogou – e venceu por 3x1 – usando um horroroso uniforme listrado em verde e
branco do Kimberley, um pequeno clube de Mar del Plata.
• Johann Cruyff, estrela maior da
“laranja mecânica” na Alemanha/74, usava uma camisa diferenciada do resto do
time. Patrocinado pela Puma, Cruyff se recusou a usar as três listras que
caracterizavam a concorrente Adidas. Seu uniforme tinha apenas duas. Se não
fosse por esse detalhe, o camisa 14 não teria entrado em campo e levado sua
seleção ao vice-campeonato mundial. Puma e Adidas, aliás, nasceram de uma briga
entre dois irmãos – Rudi e Adi Dassler – na pequena cidade alemã de
Herzogenaurach, há quase 70 anos. Isso foi em 1947. Onze anos antes, Jesse
Owens, o negro norte-americano que humilhou Hitler ganhando quatro medalhas de
ouro nas Olimpíadas de Berlim, calçava sapatilhas Gebrüder, a empresa que daria
origem às duas gigantes, pertencente aos irmãos Dassler... nazistas ferrenhos.
• Em 2018, olho na Islândia. Com
uma população menor que a região administrativa de Ceilândia(DF), a terra do
gelo vem, já há alguns anos, enfrentando de igual para igual seus gigantes
vizinhos europeus. É o menor país a participar de uma Copa, superando Trinidad
e Tobago, que chegou ao mundial de 2006 com uma população de 1,3 milhão de
habitantes. Os islandeses são apenas 300 mil.
Olho na telinha! Além da
competição em si, a Copa oferece uma oportunidade ímpar para o congraçamento entre
povos e para conhecermos melhor outras culturas.
Quem compareceu aos estádios em
2014 – principalmente os jogos em que o Brasil não estava – sabe bem do que
estou falando...
Nenhum comentário:
Postar um comentário